Paz e Amor!

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sexta-feira, agosto 13

EM TORNO DA SOLIDÃO!



Algumas ocorrências no nosso dia-a-dia profissional nos remetem a pensarmos e repensarmos o porquê da vida e se a estamos administrando conforme a grandeza que lhe é peculiar.

Na terça feira passada atendi um idoso com 85 anos de idade, levado ao hospital onde trabalho para realizar uma troca de sonda vesical de permanência. Comumente os idosos que não realizaram os exames períodicos que detectam o aumento da próstata ao atingirem uma certa idade acima dos 40 anos,tendem a apresentar hipertrofia desta glândula com dificuldade à micção,chegando a atingir um quadro de retenção urinária por conta da redução do canal uretral decorrente do quadro.Neste estágio o paciente terá que permanecer em uso de sonda de vesical de permanência (de foley) até que seja cirurgiado da próstata e retorne  à micção espontânea.

O idoso em pauta, chegou em cadeira de rodas acompanhado por um rapaz ,sua esposa e um irmão deste, eram seus vizinhos. Ele se lamentava pelo descaso dos filhos,chegando a queixar-se que os mesmos não lhe visitavam nem se interessavam por ele desde que ele abandonara a esposa,mãe dos referidos filhos.

Atendí-o com paciência e cuidado lembrando-lhe que,enquanto as pessoas nos "abandonam" o nosso Deus maravilhoso permance fiel ao nosso lado esperando pacientemente que sintamos a Sua presença e nos voltemos para Ele. 

Em verdade a nossa via crucis aqui no planeta é acompanhada de perto pelo nosso Criador e no entanto nós depositamos as nossas esperanças naqueles que são passíveis de falhas tanto quanto nós.Não quero dizer com isto que os filhos estão isentos de cuidar dos seus pais quando estes atingem a velhice e sim,caso isto nos aconteça, não devemos nos lamentar continuamente e tampouco falarmos mal deles.Antes de os recriminarmos temos que fazer uma autoanálise retrospectiva para verificarmos se fomos fiéis aos nossos deveres da paternidade, ou se não estamos colhendo o fruto cuja semente nós mesmos semeamos.

Muitos de nós,pais,nos descuidamos dos nosses filhos quando ainda estamos na fase da juventude adulta. Enquanto pais jovens, tendemos a sair,passear, curtir etc,deixando-os à mercê de empregados cujos hábitos nem conhecemos a fundo e sequer nos preocupamos se isto os afetará no futuro.Outras vezes sobrecarregamos os nossos pais,seus avós já envelhecidos, para que cuidem deles. Claro que os avós,na grande maioria sentem prazer de cuidar dos netos, mas eu pergunto: não estarão eles carecendo também de cuidados?

A criança recebe os impactos das nossas ações,muitas vezes impensadas,aquilo que para nós representou um pequeno passeio ou uma ingênua distração pode ter significado para a sua mente infantil um grande e pavoroso abandono da nossa parte,enquanto estivemos ausentes.A segurança que os filhos sentem no convívio dos pais não se iguala àquela sentida na companhia da babá,por mais dedicada e amorosa que ela seja.

E nós nem pensamos nisto!

O tempo foi passando,os filhos cresceram e nós envelhecemos,alguns de nós sozinhos.Alguns reconhecem que não souberam escolher a semente a ser semeada no coração e na mente dos filhos e buscam recuperar a 
confiança dos mesmos a fim de resgatar o tempo perdido.Muitos morrem sem conseguirem este intento até porque o tempo lhe é um terrível adversário e alguns filhos não se sensibilizaram diante dos seus esforços,mostrando que não amavam e nem amam os pais.Outros idosos,cujos filhos mais sensíveis e amorosos capazes de perceber a intenção do(s) idoso(s) vêem coroado de êxito os seus esforços direcionados à reconquista dos seus rebentos que os acolhem com prazer até porque o amor dedicado aos pais sempre foi real e intenso.

A visita daquele idoso que atendi e no qual realizei o procedimento de enfermagem que lhe permite a micção sem sofrimento,fez-me pensar e muito sobre mim mesma e o que tenho feito da minha vida até o presente momento. 

Espero que vocês também reflitam! 


bjs,soninha

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