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quarta-feira, agosto 1

Afinal, quem é idoso?

Podemos responder a pergunta de duas maneiras:
Conceito cronológico

É idoso quem tem pelo menos uma certa idade. Originalmente a Organização Mundial da Saúde -OMS- definia que esta idade mínima era de 65 anos para países desenvolvidos e 60 anos para países em desenvolvimento, tanto porque países em desenvolvimento têm expectativas de vida menores quanto refletindo um pior estado de saúde dos idosos nestes países. No entanto, o reconhecimento de que o envelhecimento é um fenômeno mundial, as melhores condições de saúde em geral dos idosos nos países em desenvolvimento e as dificuldades em comparar populações idosas em países com diferentes definições do que é um idoso têm levado cada vez mais ao uso da idade mínima de 65 anos para se definir um idoso. No entanto, como veremos, definir quem é idoso simplesmente por causa da idade pode ser útil, mas é simplificar demais um processo que é lento, de início muito precoce e contínuo.

Conceito biológico

O envelhecimento é, segundo Confort, um grande estudioso do assunto, um "conjunto de fenômenos que leva à redução da capacidade de adaptação a sobrecargas funcionais". Para entender do que Confort está falando, precisamos decompor seu raciocínio. Por funcionalidade entendemos literalmente o funcionamento do nosso organismo, ou melhor, a capacidade de função de cada órgão ou sistema que compõem o nosso corpo. Assim, se pensamos na função de bomba do coração, a capacidade funcional cardíaca está ligada à sua capacidade de manutenção da sua função de bomba, função vital para nossa sobrevivência.

Acontece que o coração humano, em seu auge na idade adulta, é capaz de bombear muito mais sangue do que necessário para a manutenção do corpo em um desempenho basal, como o repouso ou atividade leve. Todos nós percebemos isto quando fazemos um exercício mais pesado: o coração acelera, bombeando muito mais sangue e oxigênio para suprir este aumento nas necessidades energéticas durante o esforço. 
Este exercício mais pesado nada mais é do que uma sobrecarga funcional que nós impomos ao coração. Isto é o mesmo que dizer que o coração possui uma capacidade funcional superior ao necessário para o funcionamento básico (que nós médicos chamamos de funcionamento basal) do organismo. Então, se o o coração possui uma capacidade maior do que o necessário para o funcionamento basal do organismo, podemos dizer que o coração humano possui reserva funcional; é justamente esta reserva que permite que o coração receba uma sobrecarga funcional (o exercício) e desempenhe bem diante dela. Isto acontece com todos os órgãos ou sistemas do nosso corpo: nós temos reserva funcional cardíaca, pulmonar, visual, cerebral, muscular, etc. 

O nosso corpo possui reserva funcional, o que significa que nós somos capazes de desempenhar muito mais do que o necessário no dia-a-dia. É exatamente em situações de sobrecarga funcional que esta reserva funcional é "chamada" a comparecer, permitindo que nosso corpo mantenha-se bem em momentos excepcionais. O organismo humano em seu apogeu tem muita reserva funcional, o que permite que ele se adapte bem em situações de reserva funcional. 
Acontece que durante o envelhecimento, diversos fenômenos biológicos entram em ação constante, lentamente diminuindo nossa reserva funcional. De fato, tais fenômenos são tão lentos, que alguns começam durante a infância! Nós continuamos muito bem no dia-a-dia, pois usamos muito menos do que nossa capacidade funcional - e isto continua a ser verdade mesmo em idades muito avançadas. 

Mas é nestas idades que uma sobrecarga funcional, como uma doença, um remédio a mais para ser destruído pelo fígado ou eliminado pelos rins ou uma queda ao chão pode produzir efeitos que nós nunca observaríamos em um jovem. O processo de envelhecimento torna os idosos muito mais vulneráveis às doenças do que o são os indivíduos mais jovens. Isto porque, em indivíduos idosos, existe a "redução da capacidade de adaptação a sobrecargas funcionais" mencionada por Confort. Os médicos geriatras sempre se preocupam com essa perda de reserva funcional quando prescrevem remédios, pedem exames e acompanham pacientes idosos
30 anos60 anos80 anos
Velocidade de condução nervosa100%96%88%
Gasto metabólico basal (calórico)100%96%84%
Índice cardíaco100%82%70%
Função renal100%96%61%
Capacidade vital pulmonar100%80%58%
A tabela acima mostra a evolução real de algumas funções do corpo humano diante do processo de envelhecimento. Considerando o auge da capacidade funcional humana por volta dos 30 anos, a tabela mostra o ritmo de perda destas funções em porcentagem se considerarmos cada uma em 100% de funcionalidade aos 30 anos. É importante ressaltar que, embora as perdas sejam grandes, como vemos na tabela, a reserva funcional humana é tão grande que podemos estar muito bem mesmo em idades muito avançadas. 
A necessidade basal renal, por exemplo, é da ordem de 30% daquilo que nós temos aos 30 anos, e só abaixo disto é que temos uma doença grave dos rins. Como vemos, mesmo aos 80 anos, o envelhecimento preserva muito mais função do que nós precisamos. Mas aqui temos somente metade da explicação do envelhecimento, porque esta explicação nos diz o que é o envelhecimento normal, ou senescência, mas o envelhecimento habitual, aquele que nós observamos nas pessoas, é sempre uma soma da senescência com a senilidade (o envelhecimento anormal ou patológico).
Dr. Thiago Monaco

bjs e paz...

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