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terça-feira, junho 15

LEMBRANÇAS DE MINNIE



" Minnie Remmembers"


Deus,
Minhas mãos estão velhas.
Nunca disse isso antes em voz alta
Mas estão.
Antes eu sentia tanto orgulho delas.
Eram macias
Como a maciez aveludada de um pêssego firme e maduro.
Sua maciez agora é mais como a dos lençóis velhos
Ou das folhas murchas.
Quando foi que mãos esguias e graciosas como aquelas
Tornaram-se estas garras encolhidas e recurvadas?
Quando, Deus?
Aqui pousam elas em meu colo,
Lembranças cruas deste desgastado corpo que me serviu tão bem!


Quanto tempo faz desde a última vez em que alguém me tocou?
Vinte anos?
Há vinte anos sou viúva.
Respeitada.
Objeto de sorrisos.
Nunca porém tocada.
Nunca trazida para tão perto que a solidão se dissipasse.


Lembro do modo como minha mãe costumava me segurar,
Deus.
Quando estava com minha carne ou meu espírito doendo,
Ela me puxava para muito perto de si,
Alisava meu cabelo sedoso,
E acariciava-me nas costas, com o calor de suas mãos.
Oh, Deus, estou tão só!


Lembro-me do primeiro rapaz que me beijou.
Éramos os dois tão inexperientes!
Sabor de lábios juvenis e pipoca,
Sensação íntima de mistérios por virem.


Lembro-me de Hank e dos bebês.
De que outro jeito posso lembrar-me deles senão juntos?
Das desajeitadas e ávidas tentativas de
Amantes novos brotaram os bebês.
E conforme cresciam, crescia nosso amor.
E, Deus, Hank parecia não se importar
Que meu corpo tivesse perdido um pouco de seu brilho e elasticidade.
Ele ainda o amava.E o tocava.


E não nos importávamos por não estarmos mais tão lindos.
E as crianças abraçavam-me tanto.
Oh, Deus, estou sozinha.


Deus, por que não criamos as crianças para serem tolas
E afetuosas assim como dignas e adequadas?
Sabe, elas fazem o que devem.
Dirigem seus belos carros,
Vêm até meu quarto em sinal de respeito.
Sua conversa é animada, recordam-se
Mas não me tocam.
Chamam-me "Mamãe", "Mãe" ou "Vovó"


Minnie, jamais.
Minha mãe chamava-me Minnie.
Meus amigos também.
Hank me chamava também de Minnie.
Estes porém já se foram.
Como Minnie, que se foi.
Só Vovó restou,
Deus!
E como ela está só!


Donna Swanson


***Considero este poema o mais expressivo que já li,
enfatizando a importância do "toque" para o idoso.

bjs,soninha

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