O sagrado dia-a-dia nos ensina e muito, além de nos fornecer material para reflexão em torno da nossa própria vida. Muitas vezes, por isto ou por aquilo,consideramos a nossa vida difícil e até sem graça e, de repente, conhecemos outras vidas bem mais difíceis e sem graça do que a nossa.
Embora os conceitos aqui empregados de difíceis e sem graça sejam relativos,estamos numa linha de raciocínio onde o cotidiano se baseia num círculo familiar com a presença de dois ou mais membros e as suas atividades são realizadas através de uma seleção natural dentro da capacidade de cada integrante.
Hoje eu estava no ambulatório do hospital onde trabalho e se apresentou uma senhora com 67 anos de idade queixando-se uma dor na região do tórax superior,lado esquerdo, que a estava incomodando muito (sic).Como os ortopedistas não atendem situações ditas clínicas,apenas a dor sem um trauma precedente, lhe perguntei se ela havia caído,sofrido alguma pancada etc. Ela me disse que não,que havia levantado peso depois que a dor já havia se instalado,ao que eu lhe disse: -"a senhora não pode pegar peso quando estiver sentindo dor pois pode ser alguma coisa mais séria e pode complicar.
Com a simplicidade que caracteriza as pessoas humildes ela olhou-me dentro dos olhos e disse:
- Ah! minha senhora, como é que eu não pego peso se moro sozinha,tenho que lavar a minha roupa e cuidar das minhas poucas coisas...?!
O que eu poderia dizer se eu sei que a situação do nosso povo é esta?! Titubeei com algumas poucas palavras, embora já soubesse a resposta"...e a senhora não pode pagar alguém pra lhe ajudar?"
Ao que ela disse:..." ah! senhora,o que ganho de aposentadoria mal dá pra comer e vestir!
Encerrei o assunto por ali,invadida por intensa melancolia e mal estar pois muitas vezes me senti solitária, mal amada pelos meus filhos e tantas coisas mais...sem razão alguma.
Ah! meu Deus!! como ainda precisamos aprender! Moro com dois poodles sim,mas ainda posso pagar alguém para limpar a casa caso eu não possa fazê-lo e lavar a roupa,e até posso ter uma máquina de lavar.
.E ainda me queixo?! Como sou ingrata!
Precisamos estender o nosso olhar além das fronteiras às quais nos impomos a fim de enxergarmos as necessidades do outro e compreendermos que o mundo não gira em torno de nós mesmos e que todas as criaturas possuem as suas dificuldades,muitas vezes bem maiores do que as nossas.
Que tal olharmos o outro com mais carinho e atenção e agradecermos a Deus,diuturnamente,a bênção da vida com todas as suas pelejas?
bjs,soninha
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