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segunda-feira, junho 28

A VELHICE PEDE DESCULPAS



A Velhice Pede Desculpas  


Tão velho estou como árvore no inverno,
vulcão sufocado, pássaro sonolento.
Tão velho estou, de pálpebras baixas,
acostumado apenas ao som das músicas,
à forma das letras.

Fere-me a luz das lâmpadas, o grito frenético
dos provisórios dias do mundo:
Mas há um sol eterno, eterno e brando
e uma voz que não me canso, muito longe, de ouvir.

Desculpai-me esta face, que se fez resignada:
já não é a minha, mas a do tempo,
com seus muitos episódios.

Desculpai-me não ser bem eu:
mas um fantasma de tudo.
Recebereis em mim muitos mil anos, é certo,
com suas sombras, porém, suas intermináveis sombras.

Desculpai-me viver ainda:
que os destroços, mesmo os da maior glória,
são na verdade só destroços, destroços.

 
Cecília Meireles, in 'Poemas (1958)'

bjs,soninha

Um comentário:

Gisis disse...

Gostei muito da mudança de titulo.Eu costumo sempre falar a boa idade.Parabéns!Beijoss Giselda

Paz!