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quinta-feira, janeiro 10

Psicose associada à doença de Parkinson

O termo psicose é amplo e deve ser diferenciado em neurologia daquele que é usado em doença psiquiátrica, como na esquizofrenia. A psicose encontrada na doença de Parkinson (DP) envolve tanto má interpretação como alucinações visuais, auditivas e táteis; às vezes, os estímulos tornam-se verdadeiros delírios. Os estímulos surgem a partir da estimulação de um objeto qualquer, interpretando objetos não vivos como vivos, principalmente quando estão em movimento.

Ainda dentro desse contexto de ilusão aparece à sensação de existir uma pessoa ao seu lado, sensação de presença, ou mesmo, ter a sensação de que alguém passou ao seu lado, sensação de passagem no seu campo visual periférico. As ilusões são facilitadas pelo pôr-do-sol ou ambientes interiores com pouca luz.

Alterações na visão ocorridas na DP podem resultar de alterações na acuidade visual, contraste sensitivo, visão colorida, discriminação de objeto, reatividade das pupilas, movimentos dos olhos, percepção, sensibilidade do campo visual e velocidade de reação visual; todas essas alterações podem ser decorrentes da DP. Lentidão na velocidade de processamento visual pode também conduzir ao declínio na percepção visual, especialmente para mudança de estímulos rápidos. Portanto, os pacientes com DP precisam de mais tempo para visualizar os objetos em foco.

Podem existir muitos distúrbios de orientação visoespaciais, problemas de reconhecimento facial e alucinações visuais. A mesma substância que é reduzida no cérebro em pacientes com DP também pode ser diminuída na retina. Portanto, se os problemas visuais também estiverem presentes na DP podem trazer impacto importante na qualidade de vida do paciente.

As alterações da retina devem ser diferenciadas das alterações visuais relacionadas com a idade, como: catarata (redução na iluminação da retina, redução na acuidade visual e contraste sensitivo, alteração na adaptação da lente, etc.), degeneração macular da retina no idoso (redução na acuidade visual e adaptação ao escuro, restrição do campo visual e visão colorida), e prejuízo no córtex occipital (redução visoperceptiva, acuidade visual, contraste sensitivo e percepção do movimento).

As alucinações visuais são as mais frequentes, ocorrem em 25% dos casos, podendo englobar diversos tipos de situações. A presença de pessoas estranhas dentro de casa, ou de animais como cobra ou cachorro, ou objetos familiares podem ser interpretados como qualquer coisa. Cenas complexas podem ser vistas do tipo de um grupo de pessoas andando em volta e conversando sobre seus negócios. Um jarro com flores pode se transformar em um rosto de um monstro ou muitos olhos olhando para o paciente. Nos primeiros momentos, o paciente sente receio de dizer a alguém o que ele está vendo, às vezes as alucinações desaparecem como um branco quando o paciente tenta checar sua veracidade, mas posteriormente ele discute e obriga as pessoas estranhas a saírem de sua casa.

Às vezes, o paciente sofre acidentes como fratura de órbita e perda da visão, na busca de solução com as pessoas que estão lhe incomodando; por outras vezes, dorme desconfortável, em cadeiras, acreditando que entrou alguém no seu quarto, ficando à espera de sua saída; ou desconhece o cônjuge e tenta pô-lo para fora de seu aposento como um impostor.

As alucinações auditivas são menos comuns que as visuais, percebendo 8% nos casos de DP. As alucinações auditivas podem ser causadas por estímulos elementares, como alguém tocando a campainha ou batendo à porta. Aí, o paciente se desloca para atender ou pede para alguém fazê-lo. Geralmente, o conteúdo da voz é neutro ou incompreensível e difere das alucinações ameaçadoras da esquizofrenia.

Em situações de alucinações auditivas mais complexas, o paciente pode ouvir uma trilha sonora de situações vividas ou de pessoas não reais conversando, orquestras tocando, etc. Entretanto, é importante lembrar que pessoas idosas, devido ao processo de otoesclerose, podem apresentar os mesmos estímulos auditivos elementares que ocorrem na DP, mas nos idosos normais esses estímulos não  evoluem.

As alucinações táteis são raras; nas alucinações táteis elementares os pacientes acreditam que existem insetos andando no seu corpo, ou têm a sensação de que foram tocados por alguém. Em situações de alucinações táteis complexas existe paciente que acredita que nascem fios de gelatina de dentro dos seus dentes, precisando estar usando um lenço de papel para limpar, ou mesmo, usar uma goma de mascar para impedir sua saída do dente. A experiência mostra que os fatores emocionais têm alguma relevância na piora das alucinações táteis complexas. A intensidade do sintoma chega ao delírio, acompanhado por sentimento de ansiedade, pavor e constrangimento.


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