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terça-feira, fevereiro 26

Sexualidade e Envelhecimento


Falar em sexualidade sempre acaba sendo um tema polêmico, repleto de tabus, questões morais, de valores. Mesmo vivendo numa sociedade considerada mais aberta para a emergência de questionamentos, ainda existem muitas dúvidas a este respeito: as pessoas não sabem, mas ainda têm medo ou vergonha de perguntar. A sexualidade do idoso é um grande alvo de dúvidas e preconceito. Hoje irei falar um pouco sobre isto.

O conceito de sexualidade é muito amplo. De acordo com o dicionário Michaelis, significa;

1 Qualidade de sexual. 
2 Conjunto de todos os caracteres morfológicos e fisiológicos, externos ou internos, que os indivíduos apresentam, conforme o sexo a que pertencem. 
3 Condição de ter sexo. 
4 Exaltação ou recrudescimento do instinto sexual. 
5 Expressão do instinto sexual; atividade sexual. 

Em linhas gerais, falar de sexualidade é falar de afetividade, de atração, de expressão corporal, e não apenas em relações sexuais. Esta última acaba sendo apenas uma manifestação da sexualidade, não a única, como muitas pessoas pensam.

Com a atual oferta de drogas e outros procedimentos, que prometem ao homem o alcance de uma potência sexual satisfatória, não é nenhuma novidade falar que muitos senhores idosos mantêm relações sexuais, independente de sua idade. A mulher idosa também pode ter uma vida sexual ativa independente da idade (muitas atribuem isto a medicações prescritas em ocasião do climatério, já que, neste período, muitas mulheres se queixam de observar uma queda na libido); além do que elas desfrutam da vantagem de não terem que se preocupar com a contracepção. Sem dúvida isto é muito positivo para os idosos saudáveis, que não têm nenhuma contra-indicação médica para manterem uma vida sexual ativa e que têm desejo sexual, já que eles não mais precisam se preocupar em ter uma idade limite para manter relações sexuais. 

Porém, alguns problemas apareceram com esta novidade, sendo alguns muito graves como o aparecimento de reações adversas em pacientes que tomam medicações para disfunções eréteis sem prescrição médica (podendo levar até mesmo à morte) e o aumento da contaminação do vírus HIV entre idosos (a maioria deles não se preocupa em usar preservativos, pois não há mais o risco de engravidar, já que muitas pessoas ainda relacionam o uso de preservativos apenas a um método contraceptivo, não com a principal finalidade: a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis).

Com exceção destes exemplos que infelizmente são parte da realidade dos idosos brasileiros, o idoso pode exercer sua sexualidade de maneira saudável cuidando bem de sua própria aparência (a sexualidade acaba relacionando-se com a auto-estima); trocando carícias, palavras carinhosas e afetos com seu parceiro(a); ficando próximo dele(a); andando de mãos dadas; dançando junto, enfim, dividindo com o outro atitudes e sentimentos de carinho, amor, atração e reciprocidade. Importante ressaltar que falar em sexualidade não implica, necessariamente, na ocorrência destes quatro sentimentos, existe uma vasta gama de sentimentos e emoções que também se relacionam de maneira direta ou indireta com a sexualidade humana.

A família deve respeitar estas manifestações saudáveis da sexualidade do idoso, não agindo com deboche ou preconceito, quando, por exemplo, se deparar com um casal de idosos se abraçando. Por isto, é importante, sempre que possível, respeitar a intimidade e a privacidade do casal idoso. No caso de um dos idosos ser portador de alguma demência é importante que o cuidador (familiar ou profissional), sempre que possível, respeite momentos de intimidade do casal, respeitando a decisão do casal de dormirem juntos, e só recorrer à cama hospitalar quando realmente necessário.

Não há nenhum problema em idosos viúvos ou divorciados sentirem vontade de reconstruir sua vida afetiva, só cabe à família ficar atenta para evitar a aproximação de pessoas mal-intencionadas e oportunistas, já que também não são raros os casos de pessoas que se casaram com idosos de boa situação financeira apenas para garantir benefícios pessoais.

A sexualidade do idoso pode ser exercida de maneira saudável, sendo algo muito prazeroso para ele, da mesma forma que o é para pessoas mais jovens. Assim como nas outras faixas etárias, é importante que seja acompanhada da afetividade. Amar e ser amado faz muito bem para todas as pessoas e cabe às famílias respeitar a intimidade do casal idoso. A sexualidade do idoso nunca pode ser motivo de chacota ou de comentários inconvenientes entre parentes e amigos: da mesma forma, com o que acontece com os mais jovens, alguns detalhes não dizem respeito a ninguém, a não ser o casal, e devem ser mantidos entre quatro paredes.

Finalizo com um fato verídico. Uma vez ouvi uma moça de aparentemente 30 anos perguntar, com deboche, a uma senhora de seus sessenta anos, como eram as relações sexuais entre ela e o marido mais idoso. A senhora sorriu e respondeu apenas: Quando chegar a sua idade e a do seu marido, vocês irão saber!. Isto basta, não é mesmo?

Luciene C. Miranda

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