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domingo, maio 26

*Idosos Abandonados Pelos Filhos*


Sempre que tenho dúvidas sobre palavras, sua etimologia, suas analogias busco ajuda de meus dicionários. Aí então gosto mesmo dos tradicionais em papel, Aurélio, Houaiss etc. E não precisa ser palavra difícil. O que importa para mim é o significado primitivo do termo, de onde nosso idioma o herdou.

Falo aqui de abandono, um termo que com frequência ocupa noticiário e outros temas das relações humanos. O verbete tem origem na língua francesa como deverbal de abandonar ( do fr. abandonner ). Abandonar: deixar, desamparar, não cuidar de, desprezar, ao abandono: seu auxílio, sem proteção, sem cuidado ou tratamento.

O ser humano tem duas fases vulneráveis ao abandono, a infância e a senilidade (velhice). Aliás, todos os animais tem esta vulnerabilidade, no alvorecer e no ocaso da vida.

Todos os dias somos surpreendidos com notícias dessa grave epidemia que assola nosso país, o abandono de pessoas incapazes, crianças e idosos. Meu foco dessa matéria será o idoso, grupo etário em risco com o qual eu lido diuturnamente e posso falar de vivência pessoal. Outro grupo de ulterior matéria são as crianças abandonadas. Estas podem-se considerar aquelas deixadas á própria sorte, nas ruas, ou com melhor destino em abrigos ou instituições filantrópicas à espera de famílias adotivas.

Em geral, esses menores, são frutos da pobreza, do analfabetismo, do mundo perverso do tráfico de drogas. Tudo, resultado do desamparo também do Estado, que não oferece nenhum programa digno de planejamento familiar e outras políticas de orientação na prevenção de gravidezes indesejadas.

Torno à questão do abandono de idosos e com estrita mira no papel das famílias. Não há como não se espantar ou indignar-se quando vimos muitos idosos vivendo em condições precárias ou sub-humanas por negligência e descaso de familiares diretos, os filhos em especial. É notório na Medicina e do senso comum que a maioria dos idosos tem propensão a múltiplas doenças. A senilidade por si mesma já implica em severas limitações para o indivíduo em sua rotina diária de se alimentar, locomover, vestir e cuidados de higiene.

Então imaginemos o idoso doente com sequelas de doença degenerativas (reumatismo, artrose, derrame cerebral, demências). Este paciente muitas vezes não necessita de hospitalização e sim cuidados básicos de familiares em seu domicílio: higiene diária, auxílio no banho, alimentação adequada e administração de medicamentos. 

Tem sido frequente idosos doentes mal cuidados e abandonados em suas próprias casas. São considerados um estorvo, um trambolho pelos próprios filhos. Tenho presenciado casos dessa natureza que me causam um certo asco e perplexidade. Isto se torna muito mais grave quando constatamos que são justamente filhos e filhas com plenas condições de oferecer cuidados dignos para os próprios pais, justamente na fase da vida mais frágil do ser humano, a velhice. Parece que estes parentes que abandonam os próprios pais e avós , têm a juventude eterna, não serão idosos amanhã .

Idosos doentes e desamparados. Trata-se de uma realidade dolorosa contra a qual pouco ou nada se pode fazer, já que ela se desenrola no seio da família, ao abrigo da opinião pública e das autoridades. São fatos e cenas muito contundentes e pungentes; saber que filhos e filhas da obrigação de cuidadores se tornam negligentes, omissos e frios ante as necessidades básicas dos pais. Não bastasse este abandono total, muitos desses parentes ainda se apoderam de bens ou salários dos pais em proveito próprio. Uma demonstração de como o ser humano, se renuncia desumanamente, do sentimento protetor ou paternal e se traveste em um canibal, autênticos bestas-feras ou serpentes que matam e devoram as próprias crias. Credo em cruz! Que bicho estranho somos nós, o bicho homem.

Deixo esse alerta para as pessoas em geral. E sobretudo aqueles que têm um parente idoso, carente de cuidados da família. Que sejam também denunciados os casos sabidos , de abandono e maus-tratos , por filhos e filhas que, não apenas sonegam amparo aos pais, mas muita vez, se apoderam até de suas pensões, aposentadorias e outros bens. Aqui já se trata de um caso de policia, de justiça ou de ministério público.

João Joaquim médico cronista do Diário da Manhã

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