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domingo, julho 28

As mãos da minha avó!



A minha avó que tinha mais de 90 anos, estava sentada num banco na varanda, e tinha um aspecto fraco.

Ela não se mexia, estava apenas sentada a fixar as mãos.

Quando me sentei ao pé dela, nem sequer se mexeu, não teve nenhuma reação.

Eu não a queria perturbar, mas ao fim dum certo tempo perguntei-lhe se ela estava bem.

Ela levantou a cabeça e sorriu para mim.

- Sim, eu estou bem, não te preocupes, respondeu ela com uma voz forte e clara.

- Eu não a queria incomodar, mas você estava aí com o olhar fixado nas suas mãos, e eu apenas pretendi saber se estava tudo bem consigo.

- Já alguma vez viste bem as tuas mãos ? perguntou-me ela.

Quer dizer, vê-las como deve de ser.

Então eu olhei para as minhas mãos e fixei-as.

Sem compreender bem o que ela queria dizer, respondi que não, nunca tinha olhado bem para as minhas mãos.

A minha avó sorriu para mim e contou-me o seguinte:

Pára um bocadinho e pensa bem como as tuas mãos te têm servido desde a tua nascença.

- As minhas mãos cheias de rugas, secas e fracas, foram as ferramentas que eu utilizei para abraçar a vida

Elas permitiram agarrar-me a qualquer coisa para evitar de cair antes de eu aprender a andar.

Elas levaram a comida à minha boca e vestiram-me

Quando era criança a minha mãe mostrou-me como uni-las para rezar.

Elas ataram as minhas botas e meus sapatos.

Elas tocaram no meu marido e enxugaram as minhas lágrimas quando ele foi para a guerra.

Elas já estiveram sujas, cortadas, enrugadas e inchadas.

Elas não tiveram jeito nenhum quando tentei segurar o meu primeiro filho.

Decoradas com a aliança de casamento, elas mostraram ao mundo que eu amava alguém único e especial.

Elas escreveram cartas ao teu avô, e tremeram quando ele foi enterrado.

Elas seguraram os meus filhos, depois os meus netos, consolaram os vizinhos e também tremeram de raiva quando havia alguma coisa que eu não compreendia.

Elas cobriram a minha cara, pentearam os meus cabelos e lavaram o meu corpo.

Elas já estiveram pegajosas, úmidas, secas e com rugas.

Hoje como nada funciona como dantes para mim, elas continuam a amparar-me e eu ainda as uno para orar.

Estas mãos contêm a história da minha vida.

Mas o mais importante é que serão estas mesmas mãos que um dia Deus segurará para me levar com ele para o seu Paraíso.

Com elas, Ele me colocará a Seu lado.

E lá eu poderei utilizá-las para tocar na face de Cristo.

- Pensativo eu olhava para as nossas mãos.

Nunca mais as verei da mesma maneira.

Mais tarde Deus estendeu as Suas mãos e levou a minha avó para Ele.

Quando eu me aleijo nas mãos, quando elas são sensíveis, quando acarinho os meus filhos, ou a minha esposa, penso sempre na minha avó.

Apesar da sua idade avançada, ainda teve inteligência suficiente para me fazer compreender o valor das minhas mãos.

Um comentário:

Amara Mourige disse...

Soninha, que texto lindo!
Fiquei emocionada,e percebi como é importante nossas mãos!
Lindo seu blog!!
Beijos
Amara

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