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sexta-feira, dezembro 11

Um Natal diferente aos mais idosos nas residências


"Muita conversa e troca de experiência. Passeios e até um convite para vir morar comigo", 
Sílvia Noeli Trates Cardozo Moradora de Duartina

Entidades assistenciais da região incentivam moradores e voluntários a ‘adotarem’ idosos para eles passarem as festas natalinas nas casas.

Um comercial de Natal da rede de supermercados alemã Edeka está arrancando lágrimas de todos aqueles que acessam as redes sociais, especialmente no Facebook. Emoção total e atenção voltada para os idosos. Se transformou em viral, quer dizer, não dá para contar o número de acessos. Para quem não viu, um senhorzinho, cansado de esperar que os filhos deixassem seus afazeres e passassem o Natal com ele, manda um comunicado sobre sua morte para todos. Quando os filhos chegam à casa do pai, ele os recebe com a ceia de Natal. Foi a única maneira que o idoso encontrou de reunir a família. Emoções e lágrimas à parte, na realidade muitos idosos pelo país todo estão abandonados em asilos, casas de repouso e até dentro de suas próprias casas. Na região de Bauru, as entidades se mobilizam para fazer o Natal dos abrigados mais alegre com menos solidão.

Projetos que contemplam a convivência do idoso com a família dele neste período do ano, padrinhos e madrinhas que levam presentes para idosos abrigados e até famílias que “adotam” um idoso para curtir as festas em sua casa estão entre as medidas que protegem o idoso da solidão nesta época do ano.

Na cidade de Duartina (38 quilômetros de Bauru), duas pessoas se empenharam e conseguiram levar idosos, que não eram seus parentes, para passar o Natal com suas famílias. A experiência foi tão boa que as voluntárias pretendem repetir a dose este ano. “Muita conversa e troca de experiência. Passeios e até um convite para vir morar conosco eu fiz”, diz Sílvia Noeli Trates Cardozo.

Para Ana Carolina Licrusi Maranho, 37 anos, levar duas idosas para passar o Natal com a família dela foi uma experiência inesquecível. “Elas conversaram muito com minha avó de 80 anos. Lembraram do tempo em que eram jovens e de seus maridos que já morreram. Este ano vou levar um homem do asilo. Foi ele que me pediu. Ficou sabendo que eu moro em uma chácara e quer ir para lá.”

Os idosos de Duartina vão festejar a data antecipadamente junto com os abrigados de Cabrália Paulista (45 quilômetros de Bauru). A festa dos idosos será feita em conjunto. Isso porque os abrigados de Cabrália fizeram uma visita aos de Duartina e, neste mês, os de Duartina irão para Cabrália. O intuito é proporcionar o entrosamento entre eles, além é claro de ser um passeio.

Um almoço, um farto churrasco, organizado e bancado pelo Rotary Club de Macatuba (46 quilômetros de Bauru) garantiu a alegria dos abrigados da cidade. Após a refeição, eles jogaram bingo e comeram guloseimas. Todos receberam touca de Papai Noel e curtiram muito a festa.

A “adoção” de padrinhos e madrinhas para cada um dos idosos é uma maneira de garantir um presente material e o carinho da comunidade para com aqueles que já não possuem família ou para aqueles que foram abandonados por ela. Em Agudos (13 quilômetros de Bauru) e em Lençóis Paulista (43 quilômetros de Bauru) essa estratégia foi adotada.

Em Lençóis, 10 padrinhos do ano passado desistiram. Mas, as redes sociais possibilitaram que outros 10 voluntários fossem chamados para a tarefa.

Funcionária ‘adota’ idoso em Duartina

Sílvia Cardozo conta que a experiência foi enriquecedora de levar um abrigado do Recanto Vicentino à sua casa.

Sílvia Noeli Trates Cardozo, 51 anos, trabalha em uma creche-escola na cidade de Duartina e no Natal do ano passado resolveu levar para casa um dos abrigados do Recanto Vicentino Abrigo para Velhos. Segundo ela, foi uma experiência enriquecedora. “Ele não deu trabalho algum. Todos aqueles que estavam na festa gostaram dele. Antes de devolvê-lo ao abrigo eu perguntei se ele gostaria de vir morar conosco. Ele respondeu que só queria vir passear. Este ano, se ele quiser vir, vou buscá-lo”, comenta.

A história começou quando a funcionária da creche conheceu o projeto de “adoção” no Natal de um idoso. “Eu já tinha experiência. Cuidei de meu pai que já morreu. Na minha casa são quatro adultos. Meus filhos me apoiaram, assim como meu marido. O abrigado que veio passar o Natal conosco tinha morado na região onde moro. Gostamos tanto da presença dele que fomos buscá-lo no Ano-Novo.”

A mulher conta que o marido levou o idoso para rever os amigos dele. “Ele foi rever os amigos que ele tinha em uma chácara vizinha a minha. Meu marido foi à cidade fazer compras e ele foi junto. Ele foi tratado como um vô da família. Foi uma experiência boa. Ele se comportou muito bem, fez as refeições conosco, contou as histórias da família dele. Meus filhos também passearam com ele. Ele adorou.”

A assistente social Ana Carolina Licursi Maranho, 37 anos, é outra moradora de Duartina que, no ano passado, levou abrigados para passar o Natal com a família dela. “Eu moro com meus pais e uma de minhas avós, com 80 anos mora com a gente. Tenho uma outra avó de 91, que não sai da casa dela.”

Ela confessa que, resolveu levar duas idosas para casa, porque considera muito triste passar datas festivas como o Natal, sozinha. “Foi uma experiência bacana. Deixei o quarto arrumado e quando elas sentiram sono foram dormir. Fizeram muita companhia para minha avó. Trocaram muitas experiências de vida. Uma delas era nordestina e, como minha avó nasceu na Bahia, tinham muito assunto. Falaram até dos maridos que já morreram.”

Na festa de Natal da casa haviam crianças. “Meus primos que foram passar o Natal conosco curtiram as idosas como avós. Este ano vou levar um homem. Ele me pediu em um dia que fui fazer visita. A idosa que veio o ano passado contou para ele que moramos em uma chácara e ele se interessou.”

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